O presidente da Entidade Regional de Turismo do Porto e Norte Portugal saudou hoje o lançamento, ainda que “um pouco tarde”, de um comboio direto diário entre Porto e Vigo nos dois sentidos e de um bilhete único.
“Só posso saudar a medida”, afirmou Melchior Moreira à agência Lusa, considerando, no entanto, que a decisão surge “um pouco tarde” e deveria ser completada com alguma renovação na ferrovia e no material circulante.
Também o presidente do Conselho Regional do Norte afirmou que a anunciada ligação ferroviária direta entre Porto e Vigo representa “uma notícia importante” para a região mas que, por si só, “não será suficiente”, enquanto a linha, na parte portuguesa, não for alvo da “prometida” modernização para reduzir os tempos de viagem.
“O importante é existir uma ligação rápida entre Porto e Vigo, mas faltam outros passos. Nomeadamente no âmbito do próximo período de programação de fundos comunitários [2014-2020] alocar recursos financeiros para criar condições à via para ter serviços adequados à eurorregião”, disse Francisco Araújo, que lidera o órgão consultivo da CCDR-N, o qual integra os 86 autarcas do norte e duas dezenas de organizações sociais, económicas, ambientais e científicas da região.
Araújo, que é também autarca de Arcos de Valdevez, admite contudo que “foi dado um primeiro passo” para o “reconhecimento da importância” desta ligação ferroviária, a qual, mesmo que direta, diz, deveria “prever” o serviço às “áreas” de Viana do Castelo e Braga, no contexto da eurorregião Norte de Portugal e Galiza.
Por sua vez, o Eixo Atlântico, entidade que promove a defesa dos interesses das 34 maiores cidades do Norte de Portugal e da Galiza e que tem defendido a melhoria da ligação ferroviária entre Porto e Vigo, remete uma posição oficial sobre o assunto para esta quarta-feira, em conferência de imprensa, a realizar em Vigo.
A CP e a congénere espanhola RENFE acordaram na introdução, a partir do verão, de um comboio direto diário entre Porto e Vigo nos dois sentidos e de um bilhete único nessa ligação ferroviária, segundo a declaração final da XXVI Cimeira Luso-Espanhola.
O Eixo Atlântico chegou a classificar a cimeira ibérica de Madrid como a “hora das decisões”. Em abril último, o secretário-geral desta entidade tinha já advertido que se da cimeira entre os governos dos dois países não saísse um “plano operacional dos trabalhos” de modernização e eletrificação da Linha do Minho (entre Nine, Viana do Castelo e Valença), o Eixo iria “fazer uma guerra até o conseguir”.
Curiosamente, a avançar a ligação direta apenas com paragens nas cidades de Porto e Vigo, o comboio deixará de apanhar passageiros na estação de Viana do Castelo, uma das cerca de dez que integra o percurso atual, sendo este município liderado precisamente pelo presidente do Eixo Atlântico, o socialista José Maria Costa.
Recorde-se que esteve prevista uma ligação entre Porto e Vigo por comboio em alta velocidade, projeto que acabou por ser adiado, e depois suspenso, pelo governo socialista de José Sócrates, em novembro de 2010.
Já em julho de 2011, a CP admitiu que a “racionalização de custos” estava na origem da decisão de acabar com a ligação internacional até Vigo, contudo, a administração da CP acabou por manter a ligação.
Este Governo decidiu em março do ano passado o “abandono definitivo” do projeto português de alta velocidade.
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