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Portugal reabriu este sábado fronteiras com Espanha mas, durante todo o primeiro dia, foram poucos os galegos que se atreveram a passar para o lado de cá, refere o jornal La Voz de Galicia. Em Valença, por exemplo, as gentes do lado de lá do rio Minho eram esperadas com saudade. No entanto, instalou-se a incerteza sobre se os galegos estavam ou não autorizados a atravessar a fronteira.
A Galiza encontra-se em confinamento (pelo menos) até ao dia 9 de maio. E isso – decretou a Junta da Galiza – impede os galegos de sair ou entrar naquela região sem justificação válida.
Do lado galego, existem vários órgãos de comunicação social a assegurar que os galegos podem atravessar livremente a fronteira sem terem de preocupar-se com a lista de justificações válidas.
É o caso da Televisión de Galicia (TV Galicia) que, citando o Ministério do Interior espanhol, lembra que os confinamentos de comunidades autónomas que limitam a circulação entre estas não incluem as fronteiras. “Os galegos não podem sair da sua comunidade sem justificação válida, exceto para viajar para Portugal”, garante a estação televisiva.
Linhas semelhantes são encontradas no Telemarinas, que assume fronteiras reabertas em ambas as margens. “O Ministério do Interior é o responsável pelo controlo das fronteiras. Anula, por isso, qualquer decisão da Junta da Galiza”, refere aquele jornal que cita mesmo artigo 6 do Real Decreto 926/2020 de 25 de outubro publicado no Boletín Oficial del Estado.
Desta forma, prossegue o Telemarinas, “os dois povos vizinhos estão autorizados a atravessar as fronteiras”. “O Ministério do Interior diz que confinamentos de comunidades autónomas que limitam a circulação entre estas não se estendem às fronteiras. Logo, os galegos não podem sair da sua comunidade sem justificação válida, exceto para Portugal”.
“Não sei se faço bem em estar aqui”
As autoridades policiais desapareceram das pontes. E isso levou alguns galegos a arriscar, mas o receio mantinha-se. “Não sei se faço bem em estar aqui [em Portugal]”, disse ao La Voz de Galicia um cidadão galego que visitava Valença com a família.
Nas lojas, os comerciantes também se mostravam pouco esclarecidos. “A situação está pouco clara. Uns dizem que multam, outros dizem que não. Acho que a polícia aqui não multa, mas a Galiza está confinada”, disse uma lojista de Valença ao mesmo jornal.
Sem informações claras, a reabertura de fronteiras não trouxe ainda a habitual enchente de galegos a que Valença está habituada em fins-de-semana menos atípicos. “Ao meio-dia havia ainda pouca gente na rua. Somente alguns clientes nas lojas e, à hora de almoço, sobravam mesas nas esplanadas dos restaurantes”, conta o La Voz de Galicia.
Mesmo cenário em Cerveira
Em Vila Nova de Cerveira, a situação foi semelhante. Poucos galegos a atravessar uma ponte que estava encerrada desde 31 de janeiro. O dia era de feira semanal, mas os portugueses continuavam em significativa maioria.
“Dependemos muito dos galegos. Temos tido muitas dificuldades”, disse ao La Voz de Galicia um dos feirantes.
O pouco movimento em Vila Nova de Cerveira foi também registado pela SIC, que dá também conta de feirantes que esperavam mais movimento.
Nos próximos dias haverá certamente quem arrisque. Outros serão prudentes, como é o caso do presidente da Câmara de Caminha.
“A abertura das fronteiras tem um fator muito positivo que é os trabalhadores transfronteiriços poderem atravessar a fronteira em qualquer ponto. De resto, a minha leitura é que neste momento não é permitida a circulação para ir a um restaurante, às compras, para turismo ou lazer”, declarou Miguel Alves ao Jornal de Notícias, considerando que, para já, o fim do controlo terrestre com Espanha “é uma antecâmara” para a mobilidade total.
[Fotografia: Xoán Carlos Gil / La Voz de Galicia]
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