O chefe do gabinete do presidente da Câmara de Arcos de Valdevez afirma ter sido exonerado das funções com uma mensagem de telemóvel (SMS), após ter disputado a concelhia do PSD local nas últimas eleições.
“Não se trata um trabalhador, que é o meu caso também, desta forma. Exijo dignidade e o mínimo que o senhor presidente da Câmara devia ter feito era convocar uma reunião e informar-me cara a cara e não enviar um SMS”, afirmou à Agência Lusa Germano Amorim.
Como pano de fundo deste processo estiveram as eleições para a comissão política do PSD de Arcos de Valdevez, no sábado, em que Germano Amorim era candidato a vice-presidente daquele órgão.
Uma outra lista, que acabou por vencer, apresentava Francisco Araújo, presidente da Câmara, como candidato para liderar a mesa do plenário.
Estas eleições eram consideradas fundamentais para definir as movimentações em torno da candidatura à Câmara nas eleições de 2013, dado que o atual presidente, Francisco Araújo, não se recandidata por ter atingido o limite de mandatos.
Germano Amorim ocupava as funções de chefe de gabinete, cargo de confiança pessoal, desde 2009 e recebeu a mensagem do autarca durante a manhã de segunda-feira.
Nessa mensagem, Francisco Araújo escrevia que “por tudo o ocorrido, não existem condições para continuares a exercer as funções” e informava da “revogação com efeitos imediatos” da nomeação.
“Foi com estupefação que a recebi, porque eu já tinha dito ao presidente que estávamos em lados opostos, não concordo com o rumo que está a ser seguido para o concelho. E também já lhe tinha dito que se ganhasse as eleições para a concelhia punha o meu lugar à disposição e se perdesse demitir-me-ia. Era apenas uma questão de esperar um ou dois dias”, apontou o agora exonerado chefe de gabinete.
Germano Amorim classifica esta tomada de posição como “perseguição política”, agora que estão concluídas as eleições locais para o partido.
Contactado pela Agência Lusa, Francisco Araújo confirmou o envio deste SMS, mas garantiu que só o fez depois de várias tentativas para contactar telefonicamente o chefe de gabinete, que se encontrava de férias, mas sem sucesso.
“Tentei ligar, não me atendeu. O SMS foi apenas uma forma de o informar daquilo que pretendia e que não consegui através dos telefonemas. A única resposta que tive, também por SMS, foi que só lhe poupava trabalho. Nada mais”, retorquiu, afirmando que o despacho de exoneração só foi assinado horas depois destes contactos.
“Ainda assim, tive a delicadeza, apesar de tudo o que aconteceu antes, de comunicar-lhe o que se estava a passar, mas nunca me devolveu as chamadas”, recorda ainda.
O autarca afirma que ele próprio e a autarquia foram “brutalmente” acusados durante a campanha para aquelas eleições locais por Germano Amorim, o que motivou esta decisão, formalmente justificada com a “conduta e procedimentos adotados nos últimos tempos” o que “configurou uma grave quebra da confiança pessoal e política”.
A isto, o autarca afirma que esperou pelo “prometido” pedido de demissão do próprio chefe de gabinete, “para evitar avançar para a exoneração”, da qual será notificado nos próximos dias.
“O certo é que não aconteceu. Pelo contrário, apresentou dois pedidos de férias para estes dias, alegando que seriam descontados no período de férias de 2013. Isso não é de quem vai apresentar a demissão”, concluiu Araújo.
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