Carlos Videira, deputado na Assembleia Municipal de Caminha pela coligação O Concelho em Primeiro (PSD/CDS-PP/Aliança/PPM), renunciou ao cargo. O anúncio foi feito pelo próprio num artigo publicado no jornal digital Caminha2000.
A justificar esta decisão, Carlos Videira explica que discorda do “caminho” seguido pela direita que “ofereceu uma nova maioria absoluta ao PS em Portugal”.
“Para minha tristeza, nos últimos meses, a representação da direita na Assembleia Municipal de Caminha tem seguido o caminho que ofereceu uma nova maioria absoluta ao Partido Socialista em Portugal”, lamenta Carlos Videira.
“Um caminho provocatório, desprovido de qualquer tipo de moderação ou empatia pelos adversários políticos, baseado em questões acessórias, sem uma ideia de futuro, que mobilize e agregue os cidadãos em torno de uma alternativa positiva para uma vida melhor no nosso concelho”, escreve.
Carlos Videira, que é também administrador da BragaHabit – Empresa Municipal de Habitação de Braga, refere que no mandato anterior adotou uma “postura” diferente daquela que – considera – a direita está agora a tomar na Assembleia Municipal de Caminha.
“Ao longo dos quatro anos em que tive a oportunidade de intervir na Assembleia Municipal nunca foi essa a minha postura. Defendi sempre as minhas ideias com urbanidade e respeito pelos adversários. Adversários que reconheceram várias vezes a justiça das minhas intervenções, mas com quem também aprendi”, realça.
“Adversários que admiro e em muitos casos se tornaram amigos, por quem tenho enorme simpatia. Porque, como disse várias vezes, se é verdade que as minhas simpatias pessoais não condicionam as minhas opções políticas, as minhas opções políticas também não condicionam as minhas simpatias pessoais”.
No entanto, prossegue, essa “postura” tida no passado passou a não ser tão bem vista no presente.
“Essa postura foi, no passado recente, descrita como “cobarde” ou “mansinha” pelo atual representante do grupo parlamentar. (…) Cheguei, portanto, a um momento em que, perante uma forma de estar tão distante daquela que defendo, não só como correta, mas também como a mais eficaz para que a direita possa voltar ao poder e apresentar um projeto de mudança para o concelho, não me resta, hoje, outra opção que não seja a de entregar o mandato que me foi conferido à coligação pela qual fui eleito”, anunciou.
A Rádio Vale do Minho tentou obter uma reação junto da presidente da concelhia do PSD Caminha, Liliana Silva, mas sem qualquer êxito.
Entretanto, o líder da distrital do partido, Olegário Gonçalves, disse desconhecer o assunto e remeteu para a estrutura local os esclarecimentos sobre esta saída de Carlos Videira.
Recorde-se que nas eleições autárquicas do ano passado, para a Câmara Municipal, o PS liderado por Miguel Alves venceu com 46,79% dos votos, colocando quatro elementos no Executivo Municipal. A coligação O Concelho em Primeiro, encabeçada por Liliana Silva, obteve 41,36% dos votos, conseguindo três assentos camarários. Mais abaixo, ficou a CDU com 4,49% dos votos e o Bloco de Esquerda com 3,40%.
Para a Assembleia Municipal os socialistas também venceram com 44,03% dos votos, elegendo 10 deputados. A coligação O Concelho em Primeiro obteve 39,85% dos votos (nove deputados). A CDU ficou-se pelos 6,81% (um deputado) e o Bloco de Esquerda 5,12% (um deputado).
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