Diogo Pacheco de Amorim é o candidato pelo Chega à presidência da Câmara Municipal de Melgaço nas eleições autárquicas do próximo dia 12 de outubro.
Em entrevista à Rádio Vale do Minho, o candidato considera que “Melgaço merece uma outra ambição e mais futuro”. Alerta para “uma situação demográfica crítica, que exige liderança capaz de atrair investimento”.
Rádio Vale do Minho (RVM) Qual ou quais as razões que o/a levam a candidatar-se à presidência da Câmara Municipal?
Diogo Pachego de Amorim (DPA) – Candidato-me porque acredito que Melgaço merece uma outra ambição e mais futuro.
O concelho vive uma situação demográfica crítica, que exige liderança capaz de atrair investimento, fixar população e garantir serviços de qualidade.
Ao longo dos últimos 50 anos Melgaço perdeu metade da sua população, passando de 16.000 habitantes para 8.000.
Com a agravante de que foram os mais novos que foram partindo existindo, hoje, um forte envelhecimento demográfico, especialmente nas freguesias de montanha, com índices de envelhecimento que excedem os 450–470% (em Cousso, Fiães, Castro Laboreiro, Gave) .
Esta situação tem de ser urgentemente revertida e é por isso que me apresento, com uma óptima equipa, dentro da qual quero salientar o Alfredo Cordeiro, pronta para mobilizar energias, transformar potencial em realidade e colocar Melgaço no centro do desenvolvimento da região.
RVM – Que balanço faz do anterior mandato?
DPA – Reconheço algum esforço na promoção turística e em eventos de visibilidade, mas não houve uma estratégia sólida de crescimento económico nem resposta eficaz à perda de população.
Continuamos sem indústria estruturada, com dificuldades de acesso a serviços de saúde e educação, e com jovens a procurar futuro fora do concelho.
O balanço é, portanto, de iniciativas pontuais, mas sem resultados duradouros.
No fundo, uma notória incapacidade de travar o declínio do caminho que tem sido a marca do poder socialista ao longo destas várias dezenas de anos e à qual a oposição do PSD não tem sabido, ou conseguido fazer frente.
RVM – Que medidas propõe ao nível da habitação?
DPA – A habitação é essencial para fixar pessoas, particularmente os jovens necessários para inverter o permanente declínio.
Proponho um programa robusto de reabilitação urbana, incentivos fiscais à construção e arrendamento acessível para jovens e famílias, bem como parcerias com privados e fundos europeus que permitam aumentar a oferta habitacional, sobretudo nas freguesias centrais.
RVM – Que propostas tem para o comércio tradicional?
DPA – O comércio tradicional é garantia da identidade e vitalidade das nossas vilas e freguesias. Defendo medidas de modernização e digitalização, campanhas de incentivo ao consumo local e a sua integração em roteiros turísticos, para que quem nos visita consuma não apenas vinho e gastronomia, mas também os produtos e serviços dos nossos comerciantes.
Sendo o vinho e a gastronomia um trunfo de peso, há que saber aproveitar a sua capacidade de tracção para, no seu rasto, optimizar a venda e o consumo daqueles produtos e serviços.
RVM – Que projetos tem para a indústria?
DPA – A indústria em Melgaço tem de nascer do que somos. Apostaremos na agroindústria ligada ao vinho e aos produtos locais, no turismo de natureza e bem-estar, e em pequenas e médias empresas que tragam emprego qualificado.
Para isso, é fundamental dinamizar o parque empresarial, reduzir substancialmente barreiras burocráticas e oferecer incentivos competitivos.
RVM – Que ideias tem para a saúde?
DPA – A saúde é um direito básico que em Melgaço não pode ser secundarizado, particularmente num concelho em que a população idosa é largamente maioritária.
Defendo o reforço do corpo clínico do centro de saúde, a disponibilização de especialidades em regime rotativo e a criação de soluções de mobilidade que assegurem transporte fácil e regular para os hospitais de referência.
O concelho não pode continuar isolado. Três exemplos de medidas a tomar: 1. Implementar unidades móveis regulares (médico + enfermeiro), sobretudo nas freguesias de montanha. 2. Telemedicina para consultas e triagens, em articulação com ACES Alto Minho. 3. Formação voluntária em primeiros socorros e saúde pública em comunidades envelhecidas.
RVM – Que propostas tem para a cultura e desporto?
DPA – A cultura deve valorizar a nossa memória e, sobre a revitalização dessa memória, saber criar dinâmicas.
Existe um bom acervo de património cultural e patrimonial com particular relevo para as freguesias do interior.
Um bom exemplo de medidas a tomar no campo da cultura em íntima conexão com a valorização turística será o de criar incentivos a um turismo fluvial de qualidade através da criação de rotas de barcos entre Melgaço, Monção, Valença e Caminha, com pequenos cais turísticos, conjugados com a recuperação de moinhos de água, pesqueiras tradicionais e fortalezas raianas e restaurantes locais.
Quanto ao desporto, o objetivo é melhorar infraestruturas, apoiar clubes e criar atividades regulares que promovam estilos de vida saudáveis e combatam o isolamento em que Melgaço se encontra.
RVM – Que propostas tem para a educação?
DPA – A educação é a base do futuro. Reforçaremos os apoios às famílias através de bolsas e transportes escolares, promoveremos a ligação entre escolas e empresas locais para preparar os jovens para o mercado de trabalho, e incentivaremos projetos inovadores nas áreas digital e ambiental, de modo a dar-lhes novas oportunidades.
Dois exemplos de medidas a tomar: Expandir os Serviços Educativos municipais com projetos específicos por freguesia (património, natureza, cultura) e criar polos comunitários (salas digitais / estudo) em aldeias estratégicas com ligação ao Agrupamento.
Ainda dentro do campo da educação, mas tomando em conta a necessária integração social, importa fomentar atividades intergeracionais (escolas + idosos) e planear transporte compartilhado para facilitar acessos a centros escolares e unidades de saúde.
RVM – Que futuro/ideias para a Festa do Alvarinho e do Fumeiro?
DPA – A Festa do Alvarinho e do Fumeiro deve ser mais do que um evento anual: deve ser a marca de Melgaço em Portugal e no estrangeiro.
Queremos consolidar a festa como referência nacional, alargar a promoção dos nossos produtos durante todo o ano e criar sinergias com o setor do turismo, potenciando impacto económico e notoriedade internacional.
RVM – Que mensagem deixa ao eleitorado?
DPA – Deixo uma mensagem de confiança e de esperança. Melgaço pode ser mais, pode ser melhor, pode ter um futuro.
Com trabalho, ambição e rigor, construiremos juntos um concelho mais próspero, mais justo e mais atrativo.
Peço o vosso apoio para que Melgaço inverta o seu caminho de permanente declínio e comece finalmente a ganhar o seu futuro.
[N.R – A Rádio Vale do Minho enviou, via email, 10 questões a todos os candidatos à presidência da Câmara Municipal deste concelho nas eleições autárquicas do próximo dia 12 de outubro. São publicadas as respostas daqueles que aceitaram o nosso repto]
Comentários: 0
0
0