Protestos, confrontos, revolta, lágrimas e muita emoção marcaram ontem o início do julgamento, no Tribunal de Braga, do homem acusado de matar a companheira com oito facadas, no apartamento do casal.
A família da vítima, uma professora de 34 anos oriunda de Riba de Mouro, Monção, fretou um autocarro para que a população da freguesia pudesse assistir ao julgamento.
Na bagagem, levavam cartazes chamando o arguido de “assassino” e dizendo-lhe que “não tem perdão”.
Em pleno tribunal, houve confrontos físicos e verbais entre as famílias da vítima e do arguido, tendo a normalidade sido reposta com a intervenção da PSP.
Ao longo do julgamento, foram muitas as vezes em que os populares não contiveram as lágrimas, como quando uma amiga da professora assassinada contou que, a seguir ao crime, o filho do casal, que ainda não tinha dois anos, passou toda a noite a chorar e a gritar “deixa, papá”.
A criança estava no apartamento no momento do crime, na noite de 10 de maio de 2012.
O arguido garantiu que, quando esfaqueou a companheira, o filho já estava a dormir, mas o relato daquela testemunha fez crer de que estaria acordado e teria assistido a tudo.
Outro momento de particular emoção registou-se aquando do testemunho da mãe da vítima, que pediu para depor sem a presença do arguido.
“Matou a minha filha e matou o meu marido”, desabafou, aludindo ao facto de o homem se ter suicidado, em fevereiro último, na cozinha de casa.
A mulher lembrou que o marido “era muito chegado à filha” e “nunca mais foi o mesmo” depois do crime.
O casal viveu maritalmente durante quatro anos, mas em janeiro de 2012 o homem decidiu sair de casa, alegadamente por causa das constantes discussões relacionadas com o facto de a companheira tomar comprimidos para emagrecer.
Uns dias antes do crime, o homem voltou para casa, voltando o casal a partilhar o mesmo lar, conjuntamente com o filho.
Uma nova discussão e a alegada ameaça da mulher de que ele nunca mais voltaria a ver o filho levaram-no a pagar numa faca de cozinha com nove centímetros de lâmina e a desferir oito golpes no tórax, no pescoço e num braço da companheira.
Depois, pegou no corpo, meteu-o na cama e foi dormir com o filho na sala, num sofá.
No dia seguinte, segundo contou, tentou-se matar, ingerindo mais de 60 comprimidos e indo para a banheira, para onde também levou a faca do crime.
O julgamento, a cargo de um tribunal de júri, constituído por três juízes e quatro jurados, estes últimos escolhidos entre os cidadãos eleitores do concelho de Braga, prossegue a 4 de abril.
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