O salão da Junta de Freguesia de Cambeses, em Monção, encheu esta sexta-feira para ouvir a apresentação do manifesto eleitoral da candidatura do PS às próximas eleições autárquicas. Perante várias dezenas de simpatizantes, o PS não demorou muito a mostrar aos eleitores toda uma máquina bem oleada pronta a continuar trabalho nos próximos quatro anos.
Mas desta vez a ‘estrela’ não era apenas o candidato à Câmara. Os olhos da moldura humana estavam também postos em Catarina Lourenço, candidata pelo PS à Junta daquela freguesia. De salto alto, combinou na indumentária a classe do negro com o encarnado que dá cor ao partido. “Sinto o coração cheio!”, disse a candidata socialista no momento em que se aproximou do palanque. Nos últimos anos, a autarca integrou o Executivo do atual presidente de Junta de Cambeses que agora se despede após três mandatos consecutivos. A experiência acumulada permitiu-lhe abraçar o repto lançado pelo partido. “Sinto-me agora capaz de desafiar este novo projeto que é o de ser a vossa presidente de Junta”, iniciou com voz firme e postura de liderança. O aplauso estrondoso foi inevitável. Catarina sorria.
[blockquote align=”none” author=”Catarina Lourenço”]”Esta é uma candidatura de homenagem às mulheres da nossa freguesia.”[/blockquote]
“Quero acima de tudo dizer-vos que esta candidatura é aberta ao diálogo, à partilha com todos sem exceção. Mas é também uma candidatura de homenagem às mulheres da nossa freguesia. É com vocês que quero ganhar este desafio”, continuou a candidata. Mais um aplauso. Seguiu com as principais metas a concretizar. “Queremos concluir a modernização da rede de abastecimento de água, concluir a 1ª fase do saneamento e candidatar a 2ª fase. Na rede viária, daremos prioridade à pavimentação da Estrada Municipal 1096 e a outros caminhos. Avançaremos já no próximo mês de janeiro com o projeto de requalificação da Praça de Nª Srª dos Milagres. Avançaremos também com uma estrutura móvel de apoio domiciliário, com cuidados de saúde básicos”, garantiu.
Foi a vez do candidato à presidência da Assembleia Municipal tomar a palavra. À semelhança do que tem vindo a defender noutras ocasiões, José Emílio Moreira alertou a plateia para a necessidade de continuar a acreditar no PS. Lembrou desde logo o “marasmo em que Monção se encontrava em 1997”, tempos em que a Câmara Municipal era gerida pelo PSD. O antigo presidente da Câmara também não poupou críticas à oposição social-democrata dos últimos quatro anos. “Procurou sempre anestesiar o Executivo impedindo-o de fazer obra”, avaliou.
[blockquote align=”none” author=”Manuel José Oliveira”]”Esta mulher trabalhou anos nas costas de um presidente. E é hoje que tenho de lembrar os ombros do gigante em que eu estou.”[/blockquote]
Seguiu-se Manuel José Oliveira, com o discurso mais emocionado da noite. Se no passado mês de Agosto, aquando a inauguração do Centro Pastoral de Cambeses, o atual presidente da Junta deixou transparecer alguma tristeza por ter de abandonar o cargo, desta vez foi mesmo às lágrimas. Citou Saint-Exupéry: “Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós”. “Garanto-vos que vocês levam muito de nós [atual Executivo da Junta] mas nós vamos dar muito mais. Nós temos esse direito! Esta freguesia tem esse direito! Temos todas as condições para assumir um papel importante neste concelho”, afirmou o dirigente socialista em tom grave, sério e de olhar fixo nos presentes. “Vocês ainda não sabem a líder que a Catarina é!”, elogiou.
Recordou os 12 anos de mandato e sublinhou um período de cinco anos em que se viu obrigado a estar mais afastado geograficamente da Junta. Foi Catarina Lourenço quem segurou o leme. “Esta mulher trabalhou anos nas costas de um presidente. E é hoje que tenho de lembrar os ombros do gigante em que eu estou. Chegou a vez dela! Chegou a vez dela voar!”, concluiu Manuel José Oliveira com as lágrimas a caírem-lhe pelo rosto. Foi saudado com um longo aplauso em pé por parte de todos os presentes.
[blockquote align=”none” author=”Augusto Domingues”]”Vejam o que hoje a Lagoa! É o orgulho dos monçanenses e a inveja dos que lá passam à noite! Vêem aqueles néons e têm inveja!”[/blockquote]
A fechar a noite, o candidato socialista à Câmara Municipal de Monção. Aplausos… muitos aplausos para Augusto Domingues. Iniciou a lamentar as dificuldades passadas durante quatro anos a governar em minoria. “Neste mandato perdemos 50% de tempo para trabalhar nestas negociações [com a oposição] que nos obrigaram a fazer menos. Mas mesmo assim estamos tranquilos porque fizemos bastante”, considerou.
Sem fugir à regra, Augusto Domingues passou em revista as principais metas do PS para os próximos quatro anos. Mas deu especial ênfase à requalificação da EN 101/202, onde não poupou críticas ao PSD. “Vamos fazer ali uma avenida a sério! E o que nós passámos para aprovar esta obra!”, lamentou. “A oposição votou o adiamento e nessa primeira sessão garanti-lhes que iriam levar com essa obra até ao fim do mandato. Só que na sessão seguinte pedi à população de Mazedo e Cortes para ir lá. E a obra foi aprovada. E já está a ser feita!”, congratulou-se o autarca socialista que aproveitou ainda para enviar o ‘recado’ ao PSD. “A praça Deu-la-Deu também há-de ser mexida. Calma! Agora esta. Para além de tornar-se numa avenida bonita, terá empresas dos dois lados e já lá está o Lidl a instalar-se”, apontou. “Vejam o que hoje a Lagoa! É o orgulho dos monçanenses e a inveja dos que lá passam à noite! Vêem aqueles néons e têm inveja!”. O público irrompeu numa gargalhada acompanhada de mais um forte aplauso ao candidato socialista. “Para mim o emprego é fulcral. Só seremos felizes com emprego”, concluiu.
Em 2013, para a Câmara Municipal de Monção, o PS obteve 37,96% dos votos. O PSD ficou logo atrás com 37,92%. O CDS-PP alcançou os 17,7%. A taxa de abstenção foi de 41%. As próximas eleições autárquicas realizam-se no dia 1 de outubro.
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