Monção: Portugueses e galegos fizeram fila para a ‘foda’

A rebentar pelas costuras. Não há outra forma de descrever o ambiente vivido este fim-de-semana em grande parte dos restaurantes de Monção. O prato mais típico da terra, designado por ‘Cordeiro’ mas bem mais conhecido por ‘Foda à Monção’, provocou este domingo filas à porta de vários restaurantes do berço do Alvarinho. “Está a correr muito bem! Ontem [sábado] e hoje trabalhou-se muito bem. Temos a casa cheia e temos já muita gente em lista de espera”, disse à Rádio Vale do Minho Helena Tavares, proprietária do restaurante «7 à 7». De facto, a azáfama era grande. Enquanto falávamos com a dona da casa, funcionários não tinham mãos a medir. Mesas cheias e um corre-corre para lá e para cá. Ora com pratos vazios, ora em sentido oposto com o inconfundível alguidar de barro com o cordeiro e o arroz pingado a fumegar.
Mais à frente, no restaurante «Flor do Minho», o ambiente era semelhante. Casa absolutamente cheia e gente à espera. “A ‘foda’ está a sair bem! Estamos cheios e muita gente já desistiu por não ter lugar”, contou à Vale do Minho o proprietário José Regatão.
Este ano, recorde-se, o Festival do Cordeiro realiza-se em dois fins-de-semana consecutivos – neste e no próximo. “É uma boa ideia! O próximo fim-de-semana ainda está por chegar mas esperemos que seja tão bom como este”. No «7 à 7», a decisão dos dois fins-de-semana de cordeiro foi também bastante aplaudida. “É uma óptima ideia! Assim não há tanta confusão e estas iniciativas são sempre muito boas para o Município”, considera Helena Tavares.
Cá fora, pacientemente, portugueses e galegos iam enganando a fome com dois dedos de conversa. No «Restaurante Central», em pleno centro histórico, a fila descia escada abaixo. Quase todos galegos e dispostos a esperar o tempo necessário para provar o afamado prato. “Será a segunda vez que vou provar a ‘foda à Monção’. O ano passado vim cá e adorei! A espera vale a pena”, disse Rebeca Lopez. Logo a seguir, Jorge Gonzalez mostrou ser um verdadeiro veterano nestas andanças. “Já cá venho há vários anos para o cordeiro. É tradição!”.
No próximo fim-de-semana, os restaurantes voltam a confecionar Cordeiro à Moda de Monção, e na Praça Deu-la- Deu Martins decorre mais uma “colherada” de atividades. No sábado, 15 de outubro, pelas 15h30, workshop “Cordeiro à Moda de Monção” conduzido pelo conhecido cozinheiro local, João dos Matraquilhos.
Uma hora mais tarde, Joaquim Cerqueira, (ESA-IPVC) orienta o Workshop “A Importância dos Recursos Genéticos – Raça Bordaleira de Entre Douro e Minho e Raça Churra do Minho nos Territórios de Baixa Densidade”. Pelas 22h00, atuação da banda CRU, quatro músicos com percursos musicais distintos unidos num projeto comum.
O último dia, domingo, compreende, pelas 11h00, mais uma tertúlia sobre Vinhos de Monção, orientada por João Pereira, e o ateliê de pintura com solo, promovido por Susana Mendes (ESA-IPVC). Neste dia, com início às 9h30, decorre ainda a Maratona de BTT Berço do Alvarinho, organização do Clube de Cicloturismo de Monção e Associação de Ciclismo do Minho.
Nos quatro dias de festival, a partir das 11h30 e das 18h30, decorrem degustações do Cordeiro à Moda de Monção. Por um valor simbólico, dois euros, podem adquirir-se provas servidas em pequenos alguidares. Um primeiro contacto dos visitantes com o sabor deste prato tradicional. Para depois aprofundar num dos restaurantes participantes.
De referir que o Festival do Cordeiro é apoiado pela Associação Comercial e Industrial dos Concelhos de Monção e Melgaço, Escola Superior Agrária (ESA-IPVC) e Escola Profissional do Alto Minho Interior (EPRAMI). O investimento feito pela autarquia situa-se em 40 mil euros.