Foi num ambiente de irrepreensível fair play que o Executivo Municipal de Monção se despediu esta segunda-feira do atual mandato. Na verdade ainda resta mais uma reunião de Câmara, marcada para o próximo dia 18, mas será à porta fechada.
Numa reunião calma, marcada por sorrisos e alguma nostalgia, o primeiro a usar da palavra foi o vereador João Garrido prestes a deixar as lides autárquicas. “Quero publicamente agradecer a todos vós pela experiência que pude viver ao longo destes quatro anos. Foi para mim uma honra fazer parte deste órgão. Nem sempre agradamos a todos, mas a democracia é isto mesmo”, apontou o autarca do PSD. “Mas mesmo quando divergi de algumas opiniões, foi de forma convicta de que seria o melhor para o concelho. Houve alguns despiques mas penso que nos pautámos todos por uma certa hombridade e quero agradecer-vos por isso”, continuou Garrido. “Se cometi alguma falha, aproveito a ocasião para me retratar perante vós e pedir que me perdoem se exagerei em alguma coisa”, concluiu em tom emocionado.
As palavras do vereador davam a perceber o ambiente agora bem mais harmonioso com o partido depois de episódios mais quentes ocorridos recentemente. E foi o próprio líder do PSD que mostrou o diagnóstico de ‘feridas’ praticamente sanadas. “O vereador João Garrido esteve connosco durante quatro anos. Quero aqui deixar-lhe um agradecimento pessoal por estes anos dedicados ao partido. Infelizmente a política é mesmo feita de escolhas”, disse António Barbosa, garantindo que fará oportunamente um outro agradecimento a João Garrido, em nome do PSD.
António Barbosa colocou depois o olhar em todo o Executivo. “Orgulho-me daquilo que fizemos todos. Sem exceção”, afirmou o candidato social-democrata à Câmara de Monção. “Independentemente de posições divergentes, de pensarmos o concelho de forma diferente, tenho a certeza que estivemos todos aqui em prol de Monção”, finalizou Barbosa agradecendo ao Presidente da Câmara, vereadores, técnicos da autarquia, ao público e à comunicação social que acompanhou estas reuniões.
“Isto não é uma guerra! São apenas eleições!”
Do lado socialista, o Presidente da Câmara iniciou com um pedido de perdão a João Garrido “por qualquer eventualidade”. Augusto Domingues lembrou discussões mais acesas. A João Garrido, o edil socialista deixou a promessa da continuação de uma longa amizade. Virou-se de seguida para a vereação do PSD e do CDS-PP. “Nós somos adversários. Não somos inimigos. Todos adoramos esta terra e quando pensamos que temos razão, defendemos até ao limite. O fulcral nestas eleições é que as pessoas decidam com clareza”, continuou Augusto Domingues. “Isto não é uma guerra! São apenas eleições!”.
Também pelo PS, o vereador Paulo Esteves classificou João Garrido como exemplo no “saber estar”. “Não ficaria bem comigo próprio se aqui não dissesse que o aprecio enquanto pessoa. Sempre defendeu as suas posições de forma educada”, elogiou.
A fechar, o vereador pelo CDS-PP também lamentou a saída de João Garrido. “Tenho pena que nos deixe, mas a vida é mesmo isto”, desabafou. “Não fiz discurso de despedida porque não me considero ‘despedido’. Conto estar cá no próximo mandato e tudo indica que sim”, disse o candidato centrista com um sorriso.
As próximas eleições autárquicas estão marcadas para o dia 1 de outubro.
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